As criptomoedas vão sair de sua bolha e atingir massa crítica graças às blockchains de camada 2 – e a alguns outros fatores.
Após 2021, entramos em uma era nas criptomoedas em que as pessoas pararam de falar apenas sobre descentralização financeira e começaram a discutir amplamente a tokenização de tudo, em parte graças aos tokens não-fungíveis (NFTs).
Essa mudança representa uma perspectiva crítica que está prestes a guiar três teses para o próximo mercado em alta. Para compreender completamente essas teses, é crucial entender que tudo é dado. Dinheiro é dado. Seu envolvimento com uma marca é dado. Suas credenciais são dados. O ingresso para o seu show favorito é dado.
Desde 2021, o ecossistema começou cada vez mais a armazenar uma grande parte desses dados na forma de tokens fungíveis, NFTs e carimbos de data/hora na blockchain, que atua como um repositório de dados nesse contexto.
Embora nem todos os dados precisem estar na blockchain, a capacidade de colocar dados na blockchain transforma radicalmente como armazenamos, compartilhamos e utilizamos dados para instruções e transações automatizadas e seguras.
Sobre casos de uso de blockchain não financeiros. pic.twitter.com/lYZFprXAry
E parece que essa perspectiva de tokenizar tudo está chegando ao Bitcoin. Isso dá origem à primeira tese.
Em janeiro de 2023, Casey Rodamor lançou publicamente o protocolo Ordinals, que, em resumo, permite a inserção permanente de qualquer tipo de arquivo na blockchain do Bitcoin.
Em menos de um ano, a comunidade já realizou experimentos nos quais música, arte, artigos jornalísticos e até mesmo jogos de vídeo estão sendo registrados na principal blockchain do mundo.
O protocolo Ordinals não foi o primeiro a permitir isso, mas ganhou mais destaque. E tudo indica que esta é uma chama que não se apagará.
Mais do que apenas um protocolo técnico, foi criada uma cultura e uma mentalidade em que cada vez mais construtores veem o Bitcoin como uma tela para a criação de outros projetos e aplicativos, e nada pode deter movimentos culturais bem estabelecidos.
Mas lembre-se: nem tudo precisa ser armazenado 100% na blockchain, pois isso é caro e, para algumas aplicações, ineficiente.
Portanto, protocolos como os Ativos Taproot — que permitem a criação de outros ativos — na rede Bitcoin, mas de forma a manter a maior parte das informações fora da blockchain, serão essenciais.
Falando em custos de armazenamento em blockchains de camada 1, parece que as blockchains de camada 2 estão prontas para brilhar.
Quem esteve ativo durante o mercado em alta de 2021 lembra que uma taxa de transação de US$ 50 na Ethereum era quase a norma, sem mencionar os picos, como durante a criação dos NFTs Otherside pela Yuga Labs, onde os usuários pagaram até seis Ether (ETH) por transação.
É simples: se a blockchain não for invisível, ela não alcançará o mainstream. E transações caras e lentas tornam a blockchain altamente visível.
É por isso que as blockchains de camada 2 — projetadas para escalar as blockchains de camada 1 — serão tão cruciais para o próximo mercado em alta.
Embora elas existam há anos, nem elas nem o mercado estavam maduros o suficiente para construir sobre elas no último ciclo. Por um lado, muitas empresas e desenvolvedores não estavam convencidos de que as camadas 2 eram estáveis o suficiente para lidar com uma grande entrada do mainstream. Por outro lado, também havia a questão de que, na empolgação do momento, as pessoas agiam sem estudar e entender muito.
O número de projetos desnecessariamente na Ethereum foi significativo, e as razões variavam: era cultural, porque algumas empresas nem sabiam o que eram camadas secundárias, ou simplesmente porque todos estavam construindo na Ethereum.
Agora, com todas as lições aprendidas e a calma que se estabeleceu com o mercado em baixa, está claro que a mentalidade para construir está muito mais madura, e as “tarefas a serem realizadas” pelas blockchains tornaram-se muito mais claras para aqueles que estão construindo.
E a cereja do bolo será a implementação da EIP-4844, que deve ocorrer em alguns meses na rede Ethereum, e reduzirá ainda mais os custos de transação das redes de camada 2, tornando-as ainda mais invisíveis e robustas para atrair e reter o público mainstream.
Mas de nada adianta a infraestrutura ser invisível se as pessoas não puderem se conectar a ela e as empresas não puderem construir sobre ela. No entanto, a solução já está aqui!
O grande problema é que, com a tokenização de tudo, em alguns casos, a descentralização é mais um obstáculo do que uma ajuda.
Se o assunto for custódia de Bitcoin (BTC), a descentralização é pertinente. No entanto, quando o assunto muda para ingressos tokenizados ou credenciais de fidelidade de uma empresa, o valor não está na descentralização do sistema. Portanto, simplificar a experiência do usuário, abstraindo processos complexos, como a criação de uma carteira semi-custodial com login social ou eliminando preocupações com taxas de gás, faz todo o sentido e é necessário.
As soluções de abstração eram a ponte que faltava para que o universo cripto não continue sendo um ambiente técnico exclusivo para pessoas tecnicamente habilidosas dispostas a enfrentar vários desafios e jornadas complexas. Mas agora, elas estão prontas para brilhar!
E não se trata de acabar com a descentralização, trata-se de ter uma opção. Aqueles que desejam permanecer 100% descentralizados podem fazê-lo, mas aqueles que não querem agora têm uma opção. Dessa forma, evita-se que o ecossistema cripto morra no famoso abismo da inovação. Porque infraestruturas magníficas são inúteis se as pessoas não conseguirem se conectar a elas e navegá-las facilmente no dia a dia.
Algo que não é frequentemente discutido é o quão importantes essas soluções de abstração são para que as empresas tradicionais possam efetivamente entrar na Web3 também. Quantas empresas têm atualmente uma equipe de desenvolvedores que pode programar em linguagens de blockchain, como Solidity? Tornar mais fácil para os construtores começarem é também crucial.
Dividindo a jornada da blockchain para o mainstream em quatro fases, poderíamos dizer que as soluções de abstração de contas, juntamente com os avanços mencionados na tese dois, impulsionarão a Web3 para sua penúltima fase — com infraestrutura aprimorada, menos construtores técnicos e marcas entrando no jogo, e o número de aplicativos, projetos e casos de uso se multiplicando, atraindo a atenção do mainstream.
Até o momento, parece que as principais blockchains serão cada vez mais vistas como plataformas para consenso multi-ativos no próximo ciclo de mercado e menos como moedas. A joia da coroa será a busca pela escalabilidade, que tornará as camadas mais invisíveis e menos complexas para os usuários navegarem e para as empresas integrarem. Bem-vindo à era da Ethereum e à fase 2 do Bitcoin.
Este artigo é para fins de informação geral e não deve ser considerado como aconselhamento legal ou de investimento. As opiniões expressas aqui são exclusivamente do autor e não refletem necessariamente as opiniões e opiniões da Cointelegraph.
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