Meta lucra com anúncios de venda de perfis falsos para golpes e propaganda enganosa – Aos Fatos
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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Junho de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.
Por Gisele Lobato
Falhas na moderação permitiram que a Meta lucrasse com anúncios que oferecem perfis falsos a usuários que foram bloqueados, no Facebook e no Instagram, por terem feito propaganda enganosa. “Cansado dos blocks do Markinho?”, questiona uma das peças, em referência ao cofundador e CEO da Meta, Mark Zuckerberg, retratado em uma caricatura.
As propagandas que infringem regras da empresa permanecem no ar, ofertando “perfis prontos para anunciar” que são usados para aplicar golpes e vender serviços fraudulentos.
Segundo as políticas de publicidade da Meta, são proibidos “anúncios que promovam produtos, serviços, esquemas ou ofertas que usem práticas identificadas como enganosas ou fraudulentas”, como os que usam “declarações enganosas ou exageradas sobre o sucesso de um produto ou serviço”.
Por causa de restrições como essas, conseguir a aprovação de anúncios do “nicho black” exige o uso de estratégias como o uso de figuras de linguagem e de tecnologias que enganam os robôs responsáveis pela moderação. Vale ressaltar que nem todo produto desse segmento é ilegal, já que o que o define é a agressividade da promessa, muitas vezes enganosa.
As estratégias para burlar a moderação também são vetadas pela Meta, embora continuem sendo usadas pela propaganda irregular, o que garante receitas de publicidade para a empresa.
Como o Aos Fatos revelou nesta semana, vídeos que ensinam técnicas para burlar sistemas de moderação estão disponíveis no YouTube sem moderação da plataforma. Esses conteúdos também são compartilhados em comunidades de marketing digital no Facebook e em perfis no Instagram.
Os especialistas no “nicho black” destacam nos tutoriais que quem quiser trabalhar no ramo precisa montar uma “estratégia de contingência” que inclui, entre outras medidas, ter perfis reservas nas redes para continuar rodando a publicidade em caso de bloqueio da conta principal.
“Perfis prontos para anunciar por apenas [R$] 40”, dizia uma peça publicada na biblioteca de anúncios da Meta por uma conta que garantia ter “os melhores perfis para nichos black e white”. O link da propaganda levava para uma conta no WhatsApp, por meio da qual o interessado poderia concluir a negociação. Esse anúncio foi removido pela Meta após questionamento do Aos Fatos, mas propagandas similares seguem no ar.
“Chegou a hora de não depender mais de fornecedores de perfis e ativos ruins que caem na primeira campanha”, afirma outro anúncio, que continua ativo. A propaganda traz o link para uma página de venda de um curso que ensina como “automatizar criação de perfis e faturar mais de 20k mês”. O conteúdo está em desacordo com regras da Meta, que determinam que os anúncios não devem promover “produtos ou serviços criados para permitir o envolvimento do usuário em práticas fraudulentas ou enganosas”.
Ainda assim, o mesmo vendedor possui ao menos outras 12 propagandas ativas em redes da empresa, incluindo a peça citada no início desta reportagem, que usa uma caricatura de Mark Zuckerberg.
A demanda por conteúdo que ensina a promover anúncios irregulares é aquecida pela expansão do “marketing de afiliados”, expressão que define relações comerciais em que uma pessoa (o afiliado) divulga um produto em troca de comissão por cada venda realizada. A prática é legal e adotada por grandes redes do varejo online, como a Amazon e o Magazine Luiza. Entretanto, a estratégia também tem sido usada para aumentar a capilaridade de golpes na internet.
Como o Aos Fatos mostrou, o dono de uma empresa que veicula anúncios fraudulentos nas redes sociais foi um dos palestrantes da Afiliados Brasil, evento que se autodenomina o maior congresso sobre marketing de afiliados da América Latina. O tema de sua apresentação foi justamente como anunciar no Facebook sem sofrer bloqueios.
O modelo de afiliados permite que qualquer pessoa venda pela internet sem estoque ou investimento inicial, e a prática tem sido usada como fonte de renda extra. Com isso, as técnicas de marketing digital, incluindo as que visam burlar as regras de moderação, passaram a ser procuradas não apenas por profissionais do setor, mas também por usuários comuns das redes. Ao buscar pelo tema, esses iniciantes nas vendas virtuais acabam sendo impactados por conteúdos que ensinam a driblar as sanções das redes ao anunciar produtos do “nicho black”.
Procurada pelo Aos Fatos, a Meta disse que não permite “atividades fraudulentas ou quaisquer atividades que violem nossos padrões da comunidade ou de publicidade” e recomendou que usuários denunciem os perfis e anúncios que acreditem que possam violar suas políticas. A empresa não explicou por que os anúncios de venda de perfis e outros serviços para o “nicho black” estavam no ar.
Usuários que se sintam lesados por propaganda enganosa podem requerer o ressarcimento dos prejuízos e indenização no Judiciário, com base no Código de Defesa do Consumidor.
O PL 2.630/2020, conhecido como “PL das Fake News”, em tramitação na Câmara, prevê que as plataformas digitais passem a ser responsabilizadas solidariamente por qualquer conteúdo que for veiculado mediante pagamento, o que inclui impulsionamentos e anúncios. O projeto aguarda votação.
Referências:
1. Aos Fatos (1, 2 e 3)
2. Meta (1, 2, 3 e 4)
3. Amazon
4. Magazine Luiza
5. Afiliados Brasil (1 e 2)
6. Planalto
7. Câmara dos Deputados
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