Meta (ex-Facebook) é acusada de coletar dados de adolescentes para anúncios – Tecnoblog – Tecnoblog
Facebook ainda usa software que coleta dados do histórico de busca usuários adolescentes, segundo estudo que criou contas fake
Facebook ainda usa software que coleta dados do histórico de busca usuários adolescentes, segundo estudo que criou contas fake de menores de 18 anos
Apesar de mudar seu nome para Meta e tentar virar a página de escândalos de privacidade, o Facebook e o Instagram continuam coletando dados de navegação de menores de 18 anos. Segundo uma pesquisa feita por organizações não governamentais de meio-ambiente, direito digital e direito infantil, a empresa dirigida por Mark Zuckerberg obtém as informações por meio de um software que resgata o histórico de buscadores desses usuários.
A Meta comunicou em julho — ainda quando se chamava Facebook — que iria abrir opções para anunciantes direcionarem anúncios se baseando em apenas três critérios: idade, gênero e localização geográfica. Seria proibido usar dados pessoais de usuários para impulsionar propagandas nas redes sociais do grupo, incluindo o Instagram.
Mas três ONGs dizem o contrário: com base em uma pesquisa, elas divulgaram que o Facebook continuou a usar uma API para agregar detalhes do histórico de pesquisa dos buscadores de usuários adolescentes para direcionar anúncios.
O estudo foi feito com uma base de dados reunida pela Global Action Plan e pela Reset Australia, que defendem a transformação de grandes empresas de tecnologia, e pela Fairplay, que advoga pelo fim de anúncios direcionados ao público infantil. Todas elas apontam que o uso da API alimenta os algoritmos tanto do Facebook quanto do Instagram.
Em nota, 44 grupos de advocacia pediram com urgência para que o Facebook interrompa a coleta de dados, argumentando que a captação estaria sendo usada para criar um “estado de vigilância dos anúncios” para crianças e jovens. A Meta, dona das redes sociais, respondeu que o tratamento de dados não tem como alvo usuários com menos de 18 anos, conforme aponta a pesquisa.
A carta dos grupos de advocacia foi endereçada ao próprio Mark Zuckerberg. Nela, os advogados criticam a adoção de um sistema de inteligência artificial para direcionar anúncios:
“Substituir o ‘direcionamento selecionado por anunciantes’ pela ‘otimização selecionada por meio do sistema de aprendizado de máquinas’ não representa uma melhora para as crianças, mesmo com as promessas que o Facebook fez em julho. A empresa ainda está usando grandes bancos de dados que ela coleta sobre usuários jovens para determinar quais crianças são mais vulneráveis a receberem uma determinada propaganda.”
O estudo conduzido pelas ONGs criou três contas fakes no Facebook: uma de um adolescente de 13 anos e duas de jovens com 16 anos. Pesquisadores concluíram que a rede social captou dados desses usuários por meio da própria plataforma, do Instagram e do Messenger. As informações eram coletadas à medida em que usuários visitavam sites de jornais ou marcas de roupa.
Além disso, os responsáveis pelo estudo dizem que o Facebook não apenas coleta informações relacionadas ao histórico de busca. A rede social também usa seu software para detectar o que os jovens põe nos carrinhos virtuais em sites de e-commerce. “Não há razão para coletar esse dado a não ser alimentar a própria ferramenta de anúncios”, afirmam os pesquisadores.
Joe Osborne, porta-voz da Meta, contou ao The Guardian que “está errado” afirmar que o Facebook usa dados de sites de compra para direcionar anúncios a menores de 18 anos. As ferramentas de propaganda do Facebook são transparentes, diz o assessor. Ele continua:
“A razão pela qual essa informação aparece em nossas ferramentas de transparência é porque adolescentes visitam sites ou usam apps que utilizam nosso plano de negócios. Nós queremos dar transparência sobre os dados que recebemos, mesmo que ela não seja usada para anúncios personalizados.”
Com informações: The Guardian
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Pedro Knoth
Ex-autor
Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.
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