Por que a vida dos publicitários não está fácil para criar anúncios de carros (e isso é bom) – Autoesporte
Por Marcus Vinicius Gasques 12/10/2020 11h32 Atualizado 12/10/2020 Anúncios de automóveis tornaram-se filmes de ação e aventura. Carros e
Por Marcus Vinicius Gasques
Anúncios de automóveis tornaram-se filmes de ação e aventura. Carros e picapes contracenam com seres mitológicos, dinossauros, ciclones. São muito comuns também cenas de veículos cruzando riachos em velocidade, levantando poeira em ambientes selvagens. Esses anúncios sugerem que você não está comprando apenas um carro; está conquistando liberdade, pondo para fora todo seu espírito de aventura, explorando seu lado mais arrojado. Ainda que, na realidade, não vá passar da velocidade média de 20 km/h para ir ao trabalho e voltar, pois sua carruagem de fogo passará horas apertada entre outros bólidos no estacionamento enquanto você se bronzeia sob as luzes frias do escritório.
Essas sequências dinâmicas estão entre os temas preferidos na publicidade de automóveis. Humor, celebridades e locuções dramáticas que exaltam os atributos do automóvel são outros recursos comuns. Mas, tanto para vender um carro ou uma picape quanto qualquer outro produto ou serviço, os publicitários enfrentam um terreno pantanoso quando exploram temas como comportamento ou pessoas. Especialmente crianças.
A polêmica mais recente envolveu uma peça da Audi veiculada pelo Twitter no primeiro domingo de agosto. A imagem mostra uma menina de vestido apoiada na dianteira de um Audi RS4 comendo uma banana. Ela aparenta ter uns 5 anos de idade. Uma cena doméstica, que poderia ser vista numa manhã de fim de semana em que a criança termina seu café da manhã e espera a família finalizar os preparativos para sair a passeio. O texto de apoio diz: “Deixe o seu coração bater mais depressa — em todos os aspectos”.
É uma maneira de interpretar a peça. Mas há outras. Imediatamente surgiram críticas, como a de que a imagem continha uma sugestão sexual. E de que seria imprudente uma criança estar onde não seria visível para o motorista. Poderia ser um menino mais alto, poderia ser uma maçã? Os criadores deveriam ter pensado em todos os aspectos. A Audi nem se esforçou para explicar. Removeu o anúncio sob a alegação de ser “insensível”, pediu desculpas e afirmou que vai estudar o tema para evitar uma repetição.
Houve quem defendesse a peça, afirmando que seria doentio ver uma conotação erótica na imagem. O problema é que há pessoas doentes a esse nível. Não anda fácil a vida dos publicitários, já que precisam pensar em cada interpretação possível de uma imagem ou palavra. Demorou muito, mas a sociedade está aprendendo a respeitar minorias, mulheres, crianças, opções de crença e comportamento. Ainda há um caminho muito longo a percorrer, e o cuidado com o uso de palavras e expressões faz parte do processo.
Anúncios de automóveis já foram extremamente machistas. Vê-los, hoje, beira o grotesco, uma piada de mau gosto contada num jantar com a família reunida. Eles estão aí para evidenciar o que não é mais aceitável. Ainda assim, eventualmente escapa uma peça mais grosseira. Nós, profissionais da comunicação, temos a responsabilidade de assumir esse cuidado.
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