Como as parcerias podem impulsionar sua empresa durante a crise do coronavírus – Pequenas Empresas & Grandes Negócios
Parcerias podem ajudar os pequenos negócios a se reerguerem agora (Foto: Retha Ferguson / Pexels)As vendas da loja de
Parcerias podem ajudar os pequenos negócios a se reerguerem agora (Foto: Retha Ferguson / Pexels)
As vendas da loja de roupas Logay caíram 60% só na primeira semana após a declaração de pandemia do novo coronavírus, no dia 11 de março. A marca tem forte atuação online e apenas uma loja física em São Paulo – que está fechada no momento.
“Logo que começaram a anunciar as medidas de isolamento social, sentimos uma diferença muito grande e começamos a contatar nosso público por redes sociais e por mailing. Mesmo assim, o patamar de vendas voltou para o do início do negócio, há três anos”, diz Henrique Chirichella, fundador da Logay. De fato, o nicho de moda é um dos mais atingidos pela crise, de acordo com a FecomercioSP.
Chirichella sabia que não era o único na situação e resolveu se unir com outros empreendedores que também atendem a comunidade LGBT em diversas partes do país. O objetivo era criar uma campanha única para aumentar a visibilidade e o engajamento das marcas nas redes. “Eu chamei alguns que já eram meus parceiros e pedi indicações nas redes sociais. Os próprios clientes começaram a sugerir outras empresas”, afirma.
Hoje, além da Logay, participam da corrente Maria João Camisaria, Castro Burger, Translúdica e S.Santinno. O mote da campanha é conscientizar as pessoas sobre a importância de seguir as recomendações das autoridades de saúde, divulgar as marcas e mobilizar o público-alvo para ajudar na sobreviência das empresas.
“Para nós, já surtiu efeito. Tivemos uma recuperação de quase 50% nas vendas, não está mais tão preocupante quanto antes. Algumas das marcas podem ser concorrentes, mas no fim todas vendemos para o mesmo público. Precisamos nos unir para sobrevivermos”, diz Chirichella.
Henrique Chirichella, fundador da Logay (Foto: Divulgação)
As parcerias em redes sociais também têm ajudado as empreendedoras Thalita Ferronato e Stefanie Ferronato, sócias de uma franquia da Moncloa, em Curitiba, no Paraná. As duas recorreram a um programa de turismo da cidade, que já tinha uma campanha de vouchers com elas e outros estabelecimentos, para a divulgação de promoções.
Os produtos têm sido postados no perfil @oquefazercuritiba. “Montamos kits de chás com refil diferentes do que vendemos na loja. Aumentou o tíquete médio de cada compra, porque as pessoas querem aproveitar o frete grátis. Mesmo assim, o montante ainda é pequeno. São quatro, cinco vendas por dia – um décimo do que fazemos na loja”, afirma Thalita.
Thalita Ferronato e Stefanie Ferronato, franqueadas da Moncloa (Foto: Divulgação)
Além disso, ela já está em contato com médicos e nutricionistas da região para propor o envio dos produtos para divulgação. “Vamos disponibilizar alguns códigos de desconto para eles divulgarem nas redes deles”, explica a empreendedora.
A especialista em varejo e franquias Ana Vecchi explica que o empreendedor precisa analisar as parcerias que podem ser feitas e em quais regiões, ainda mais em grandes cidades, onde o consumidor geralmente trabalha em locais diferentes de onde mora. Um negócio pode ter mais clientes em um bairro comercial do que em um residencial, por exemplo. “Vai ser mais fácil mobilizar o cliente para um negócio que tenha contato mais frequente com ele”, diz a especialista.
De acordo com Ana, o empreendedor precisa ter a mente aberta para a reinvenção nesse momento – até do negócio como um todo. “Analise as parcerias possíveis, una-se àquele que pode até ser seu concorrente, mas que agora pode complementar, seja na entrega, seja na divulgação. Ou até nos processos: um faz uma parte, outro faz outra etapa”, explica.
Outra franqueada da Moncloa, Kelly Mota, de Fortaleza (CE), precisou testar um modelo de delivery antes mesmo da quarentena, pois sentiu o movimento cair no shopping center. “O nosso produto precisa ser visto pelo cliente. Ele tem de perceber o valor. Não é tão simples”, diz.
Com o fechamento do shopping, ela precisou pensar em ações ao seu redor: divulgou o produto no condomínio onde mora e fez parceria com uma nutróloga da região para que ajudasse a divulgar os chás.
Kelly Mota, franqueada da Moncloa vende produtos no próprio condomínio (Foto: Divulgação)
A empreendedora também já está viabilizando uma parceria com um supermercado local para expor os produtos. “O mercado é focado nessa questão de comida natural. Se ele nota que tem rotatividade boa, pode fazer parceria de comprar os produtos. Estou em negociação”, diz a franqueada.
Quando soube que precisaria fechar a loja, a empreendedora Luciane Fragnani, franqueda da Mil e Uma Sapatilhas no bairro do Ipiranga, em São Paulo, até tentou vender os produtos na internet, mas não teve sucesso. “As clientes não querem comprar coisas que não sejam essenciais nesse momento, e falo por mim também. Quando fechou a loja, fomos impactados diretamente. Eu até criei uns posts para fazer promoções online, mas vi que não era o foco. Continuo com as postagens, mas não diretamente para vendas, e sim para reforço de marca.”
Luciane Fragnani, franqueda da Mil e Uma Sapatilhas (Foto: Divulgação)
Com uma comunidade de seguidores ativos, Luciane resolveu abrir o canal que mantém com os clientes no Instagram para divulgar ações de profissionais autônomos na região, serviços que aderiram ao delivery e outras iniciativas.
“Geralmente eu gravo vídeos com as pessoas, peço dicas, e abro espaço para que elas possam divulgar seu serviço. Alguns me procuram via mensagem direta ou WhatsApp e eu posto. Eu costumo acompanhar o que tem na região, fico conectada, vejo se tem alguma empresa bacana, curso online, algo que possa ser útil para as pessoas agora. É hora de nos ajudarmos uns aos outros”, afirma.
A especialista Ana Vecchi listou alguns passos para que o empreendedor consiga transformar o negócio nesse momento de crise. O essencial, de acordo com ela, é não esperar que a solução venha de fora, como depender exclusivamente de isenção de alugueis ou royalties (em caso de franquias), mas ter uma atitude proativa para salvar o seu negócio. Confira:
1 – Tenha postura e atitude: o problema é global, mas você precisa encontrar uma solução para o seu negócio – mesmo que isso envolva mudanças drásticas no que vinha sendo feito com sucesso até então.
2 – Identifique o público que vai estar com você: qual base de dados você já tem e como se relaciona com esses clientes? Essas informações são cruciais para se propor uma parceria.
3 – Como fazer entrada de faturamento agora: se fizer uma ação de venda de voucher para uso futuro, por exemplo, tenha em vista os descontos devidos para entrega posterior. É preciso pensar que esse serviço ou produto vendido agora deverá ser entregue e ainda manter uma margem de lucro, por menor que seja.
4 – Destaque-se nas redes sociais: é a principal vitrine no momento, mas todo mundo está lá. De que maneira consegue criar um diferencial? Evite começar o marketing digital falando sobre a crise. Crie outro atrativo sobre o que está efetivamente sendo feito pela empresa.
5 – Mostre o que efetivamente pode agregar valor: grande parte dos clientes estão em casa, mas não de férias. Muitos estão trabalhando mais horas do que o de costume, e outros estão preocupados se vão ter um emprego. Ajudar-o a resolver um problema.
6 – Marketing cooperado com serviços essenciais: procure pelo que está aberto: padaria, farmácia, quitanda, supermercado – há algo que possa integrar ao seu modelo de venda ou ainda propor uma divulgação?
7 – Qual o tipo de marketing que está fazendo: está falando a verdade sobre o seu negócio? Da forma certa? Com o cliente correto? Não é hora de enganar o público ou gastar dinheiro (e tempo) com mensagens erradas. Seja honesto, transparente e assertivo.