Anúncios falsos no Google e Facebook fazem usuários perderem dinheiro – Portal iG
iG MailiG MailPor Dimítria CoutinhoDimítria Coutinho atua cobrindo tecnologia há cinco anos, se dedicando também a assuntos econômicos. Antes
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Dimítria Coutinho
Dimítria Coutinho atua cobrindo tecnologia há cinco anos, se dedicando também a assuntos econômicos. Antes de trabalhar no iG, era repórter do Ada, um portal de tecnologia voltado para o público feminino. É jornalista formada pela Universidade de São Paulo com passagem pelo Instituto Politécnico de Lisboa.
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Pesquisando preços de notebooks, Jaquelyne Simões, de 23 anos, conta que acabou sendo vítima de um golpe. A estudante encontrou um anúncio no Google Shopping e foi parar em um site que supostamente seria de uma grande varejista. O endereço, porém, era falso, e o dispositivo nunca foi entregue, assim como os R$ 2,5 mil gastos por ela nunca foram devolvidos.
Histórias como essas são mais comuns do que se imagina. Nesta semana, o assunto voltou à tona quando o jornalista Thássius Veloso encontrou uma suposta promoção de iPhone XR, também no Google Shopping, por R$ 1,5 mil. Usando o nome da mesma varejista, o anunciante era um fraudador.
Como funciona o golpe
💩 olha a bosta
Pesquisa sobre iPhone XR no Google. O módulo de Shopping exibe ofertas de lojas conhecidas. Quando você abre… os endereços não têm nada a ver com a história.
Os bandidos COMPRAM ads no Google para fisgar as vítimas. pic.twitter.com/yfP5DwdHhn
Nos comentários da publicação do jornalista, muitos usuários reclamaram de já terem recebido anúncios falsos também em outras plataformas digitais, como Facebook, Instagram e Twitter.
aqui no twitter já vi também, menos sofisticado ainda https://t.co/p7xieLDAkc
Uma busca em plataformas de defesa dos consumidores mostra que o problema é grave. Diversas queixas atingem, além do Google, as redes sociais controladas pela Meta. Os produtos ofertados são os mais variados, desde notebook e ar condicionado até TV, geladeira e perfume.
O golpe, porém, é sempre o mesmo: os fraudadores criam sites falsos imitando as interfaces de grandes varejistas, como Americanas, Casas Bahia e Carrefour, e pagam anúncios em grandes plataformas utilizando os nomes dessas empresas. Quando os usuários clicam e efetuam uma compra, o dinheiro é roubado pelos criminosos e o produto em questão nunca é entregue.
Plataformas digitais dão respaldo para golpistas
O maior problema deste golpe é que os sites falsos têm um respaldo das gigantes de tecnologia, gerando confiança nos clientes. “Só comprei porque estava no Google”, escreveu um cliente no Reclame Aqui. “Comprei do referido vendedor entendendo que o Instagram tivesse verificado a procedência da empresa anunciante”, reclamou outro.
No Reclame Aqui, é possível encontrar tanto reclamações deste ano quanto outras mais antigas, o que mostra que o problema persiste há anos e não foi solucionado. Ainda em 2019, a associação de defesa do consumidor PROTESTE divulgou um alerta dizendo que estava recebendo muitas queixas de consumidores a respeito de anúncios falsos em redes sociais, sobretudo no Facebook.
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Apesar disso, advogados entendem que as plataformas não podem ser responsabilizadas judicialmente pelo que é anunciado nelas. “Embora possa haver questionamentos relacionados à diligência das plataformas, a regra prevista no artigo 19 do Marco Civil da Internet é de que as plataformas só serão responsabilizadas por conteúdos produzidos por usuários, como os anúncios em questão, caso, após ordem judicial específica, não tomem providências para tornar o conteúdo indisponível”, analisa Luiz Guilherme Valente, head da área de mídia digital do escritório Baptista Luz. “As plataformas não têm a obrigação prévia de remover o conteúdo”, entende Fernando Bousso, head da área de proteção de dados do mesmo escritório.
O que dizem as plataformas
Em nota, o Google afirmou que tem “políticas robustas que delimitam a forma como pessoas e empresas podem anunciar produtos por meio do Google Shopping, incluindo a proibição de declarações falsas e promoções enganosas”. A empresa ainda disse que suspende anúncios e bloqueia contas de anunciantes quando essas regras são quebradas. O Google possui uma ferramenta para denunciar anúncios falsos .
Um porta-voz da Meta, controladora do Facebook e do Instagram, disse que os Padrões de Comunidade e Políticas de Publicidade da empresa “proíbem o uso das plataformas para facilitar ou organizar atividades que causem danos financeiros a pessoas ou negócios”. “Usamos uma combinação de denúncias da nossa comunidade, tecnologia e revisão humana para identificar conteúdos violadores e aplicar nossas políticas”, afirmou.
Assim como o Google, a Meta também permite que usuários denunciem anúncios no Facebook e no Instagram. Para isso, basta clicar no canto superior direito da postagem, acessar “Denunciar publicação” ou “Denunciar foto” e selecionar a opção que melhor descreva o problema.
Já o Twitter afirmou que o perfil mencionado pela reportagem “foi banido de promover anúncios no Twitter por violar as Políticas do Twitter Ads”. “O Twitter tem regras que determinam os comportamentos permitidos e qualquer pessoa pode denunciar anúncios que considerem descumprir as nossas regras”, afirmou a rede social. Para denunciar anúncios no Twitter, basta clicar aqui e seguir os passos apresentados.
Como se proteger de golpes
Os anúncios falsos podem chegar a qualquer consumidor que esteja navegando pela internet, através dos mais diversos canais. Por isso, é sempre importante estar atento a alguns aspectos:
- Desconfie de ofertas boas demais para serem verdade;
- Se encontrar uma oferta através de um anúncio, não clique e acesse diretamente o site oficial da empresa que a promoção se diz ser. Assim, é possível descobrir se a oferta é verdadeira;
- Se optar por clicar em um anúncio, confira o link do site que foi aberto. No caso do golpe citado no início da reportagem, a interface do site imitava a da Americanas, mas o link dizia “lojavirtualveenda.com”, ao invés de “americanas.com.br”. Também é importante checar os detalhes do link, já que alguns golpistas costumam trocar apenas algumas letras, como por exemplo um “i” maiúsculo por um “L” minúsculo ou um “A” por um “4”;
- Desconfie de sites que só permitem o pagamento por boleto bancário;
- Pesquise a reputação de sites de vendas em portais como o Reclame Aqui antes de efetuar uma compra.
** Dimítria Coutinho atua cobrindo tecnologia há cinco anos, se dedicando também a assuntos econômicos. Antes de trabalhar no iG, era repórter do Ada, um portal de tecnologia voltado para o público feminino. É jornalista formada pela Universidade de São Paulo com passagem pelo Instituto Politécnico de Lisboa.
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