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Os 20 anos do Google AdSense, a ferramenta que mudou a internet – Fast Company Brasil

A difusão da publicidade on-line e sua capacidade de identificar nossos hábitos e desejos tem sido motivo de polêmica

Os 20 anos do Google AdSense, a ferramenta que mudou a internet – Fast Company Brasil




A difusão da publicidade on-line e sua capacidade de identificar nossos hábitos e desejos tem sido motivo de polêmica e de discussões desde 1994, quando a AT&T comprou o primeiro anúncio em banner na internet.
Os banners e pop-ups que se seguiram foram uma praga para toda uma geração de usuários. Mas é o tipo atual de publicidade que as pessoas acham particularmente problemático, aquela que nos segue pela internet, vendendo produtos que os algoritmos apostam que vamos gostar.
E por que esses anúncios parecem tão assustadores? Por causa do AdSense, ferramenta administrada pelo Google que permite que os proprietários de sites mostrem propagandas de anunciantes que fazem parceria com o gigante das buscas em troca de uma porcentagem da receita publicitária. O AdSense combina anúncios com conteúdo, com base nos interesses do consumidor. E completou 20 anos agora em março.

Inicialmente, a ferramenta era chamada de “publicidade de segmentação de conteúdo”, tendo sido renomeada como AdSense alguns meses depois. Na época, a empresa se gabava de que “os editores que não exibem publicidade online agora podem integrar os anúncios direcionados do Google com o mínimo de esforço”.
Depois de aprovados, esses clientes teriam “acesso instantâneo à rede de anunciantes de pesquisa do Google – composta por mais de 100 mil anunciantes, variando de grandes marcas globais a pequenas empresas locais”.
Era uma ferramenta para “fortalecer a viabilidade comercial de longo prazo da criação de conteúdo na web”, como disse o cofundador do Google, Sergey Brin, na época.
Isso reformularia a maneira como a web funcionava – para o bem e para o mal.
UM MAL NECESSÁRIO?
O Google AdSense mudou a experiência dos usuários da web para sempre. Atualmente, mais de 58,5 milhões de sites, em todo o mundo, utilizam essa ferramenta.
A publicidade é um negócio de US$ 225 bilhões por ano para o Google, que obtém quase um terço da receita de anúncios contratados por meio do AdSense, que são veiculados em conteúdo. Isso apesar de cerca de quatro em cada 10 usuários utilizarem algum tipo de bloqueador de anúncios enquanto navegam.
“Embora o AdSense não tenha sido a primeira rede de publicidade online do mercado (…) foi ele que democratizou a capacidade de vender espaço publicitário contextualmente relevante e de monetizar o tráfego de sites menores, algo que, naquele tempo, era mais fácil de fazer apenas para publicações maiores, estabelecidas e autorizadas”, analisa Alyeda Solis, fundadora da consultoria de SEO Orainti.
Na época do lançamento do Google AdSense, Solis trabalhava como webdesigner e desenvolvedora, ajudando a desenvolver websites, incluindo blogs de viagens e jornais online.
Essa essa era uma das principais perguntas que seus clientes sempre faziam: como preencher a lacuna dos espaços
A ferramenta foi o pontapé inicial para a economia dos creators, que movimenta mais de US$ 100 bilhões.
publicitários que eles não tinham conseguido vender? “De uma hora para outra, o AdSense se tornou a maneira mais fácil de resolver isso”, diz ela.
A ferramenta foi, em grande parte, obra de Susan Wojcicki, que provavelmente teve tanto impacto no sucesso da gigante da tecnologia quanto seus cofundadores.
“É sabido que o Google começou na garagem dela e que ela foi sua primeira gerente de marketing”, conta o especialista em comércio eletrônico e publicidade Dan Barker.
“O que é menos comentado publicamente é que ela também liderou os produtos de anúncios do Google durante seu período de ouro, junto com o Google Analytics na época em que basicamente toda a web dependia dele. Ela também foi em grande parte responsável pela aquisição do YouTube, além de ter sido sua CEO por muitos anos”, lembra Barker.
NEGÓCIO DE BILHÕES
O AdSense foi o marco de uma grande mudança na forma como os anúncios funcionam – uma mudança que iria reverberar para além do Google. “Enquanto o Google Ads monetizava a pesquisa, o AdSense era uma forma de monetizar o próprio conteúdo”, diz Barker.
“Os anúncios do YouTube basicamente descendem disso. Até os anúncios que vemos no Facebook, Instagram e Twitter – e na maioria dos sites e plataformas usados em todo o mundo, hoje – meio que derivam disso.”
Para Barker, o AdSense foi pioneiro em trazer publicidade de conteúdo para o mercado de massa. “Ele permitia que os criadores monetizassem seu trabalho e que os anunciantes alcançassem o público dos criadores, sem nenhum tipo de conhecimento técnico.
O AdSense democratizou a capacidade de vender espaço publicitários e de monetizar o tráfego de sites menores
A ferramenta foi, de muitas maneiras, o pontapé inicial para a economia dos creators, que movimenta mais de US$ 100 bilhões.
“O AdSense incentivou o desenvolvimento de uma nova geração de blogs e fóruns temáticos, pois, de repente, passou a existir uma maneira de monetizá-los que era relevante, amigável e fácil de implementar,” aponta Solis.
Ainda está em debate para quais usuários, exatamente, essa ferramenta é amigável. Afinal, uma percentagem crescente do público agora faz tudo o que pode para evitar ver anúncios online de qualquer tipo, instalando extensões de navegador que impedem a exibição de anúncios (ad blockers).
Por mais que a publicidade tenha trazido benefícios aos seus clientes, trouxe muitos inconvenientes para os usuários. A internet virou um lugar desagradável justamente por causa do excesso de publicidade.
Apesar disso, e mesmo depois de completar 20 anos, a era do AdSense parece que ainda vai durar um bom tempo.
SOBRE O AUTOR
Chris Stokel-Walker é um jornalista britânico com trabalhos publicados regularmente em veículos, como Wired, The Economist e Insider saiba mais

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