Quase 74 mil mulheres no Brasil serão diagnosticadas com câncer de mama até 2025. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, entre 2023 e 2025, são estimados 73.610 novos casos de câncer de mama no Brasil, uma média de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.
O câncer de mama é uma das doenças mais comuns entre as mulheres em todo o mundo, e seu diagnóstico precoce é fundamental na melhoria das taxas de sobrevivência e na qualidade de vida das pacientes. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), as chances de cura são superiores a 90% nos casos em que a abordagem terapêutica é iniciada nos primeiros indícios do problema.
O mês de outubro é marcado pelo movimento internacional conhecido como Outubro Rosa, uma campanha de conscientização sobre o câncer de mama. Durante este mês, empresas em todo o mundo se esforçam para promover a importância da detecção precoce, oferecendo apoio aos pacientes e investindo em pesquisas para combater essa doença que afeta milhões de mulheres a cada ano.
Diante deste cenário, o câncer de mama se tornou um dos mais estudados atualmente em todo o mundo. Um dos focos principais é incentivar e viabilizar exames cada vez mais certeiros e rápidos, que permitam a tomada de decisões em tempo compatível com a reversão da doença. Neste sentido, ano a ano, surgem equipamentos cada vez mais modernos, novas técnicas de análise são adotadas e a inteligência artificial ganha cada vez mais espaço. Além disso, diversas empresas se envolvem em iniciativas para financiar consultas e exames.
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Avanços na detecção precoce do câncer de mama através da Inteligência Artificial começaram a ser divulgados muito recentemente. Em junho de 2023, um estudo divulgado pelo prestigiado periódico “Radiology”, pertencente à Sociedade Americana de Radiologia, trouxe à luz avanços significativos na previsão do desenvolvimento do câncer de mama, graças à utilização de algoritmos de Inteligência Artificial (IA). Realizada por uma equipe de pesquisadores renomados, a pesquisa objetivou comparar a eficácia dos algoritmos de IA aos modelos tradicionais empregados por médicos na predição do avanço do câncer de mama.
Nesta pesquisa, foi observado que, utilizando um exame designado “de rastreio negativo”, os algoritmos de IA provaram-se mais eficientes que o modelo de risco BCSC (Breast Cancer Surveillance Consortium) na estimativa do risco de um paciente desenvolver câncer de mama nos subsequentes 0 a 5 anos.
Adicionalmente, um estudo na área de IA realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também ganhou destaque. A pesquisadora, Daniella Castro Araújo elaborou algoritmos de IA aptos a interpretar exames de sangue convencionais, proporcionando uma abordagem inovadora na saúde feminina ao viabilizar a detecção precoce do câncer de mama.
A singularidade destes algoritmos de IA reside na habilidade de interpretar exames de sangue convencionais, frequentemente realizados na medicina preventiva e no monitoramento da saúde feminina. Tais exames, ao serem analisados de forma eficiente, podem revelar informações vitais sobre a condição de saúde do paciente, permitindo a identificação de condições adversas, tal como o câncer de mama, em suas fases iniciais.
Dentre os avanços mais recentes na área de exames por imagens, a médica Sandra Teixeira, radiologista, coordenadora da Imagem da Mama do Vera Cruz Medicina Diagnóstica, em Campinas, destaca a tomossíntese mamária como inovação tecnológica para o setor, que tem a capacidade de visualizar diferentes ângulos das glândulas onde permite que esse fator seja minimizado.
“É uma evolução da mamografia tradicional. Ao invés de apenas duas imagens obtidas com o aparelho normal, o equipamento realiza de nove a 16 imagens da mama em angulações diferentes e as reconstrói. Por isso, é popularmente conhecida como ‘mamografia 3D´. Permite a visualização da mama em diferentes ângulos e fornece informações adicionais e sequenciadas, possibilita a identificação de lesões que poderiam estar `escondidas´ ou sobrepostas ao tecido mamário normal visto na mamografia” explica.
A Dasa, a maior rede de saúde integrada do Brasil, vem explorando projetos voltados para biodesign, realidade aumentada, tecnologias de impressão 3D, metaverso e inteligência artificial (IA).
A empresa tem investido em análises e inteligência artificial para identificar padrões e tendências em grandes volumes de dados de pacientes. A Dasa utiliza algoritmos de NLP (Processamento de Linguagem Natural) para identificar automaticamente achados relevantes em laudos de exames de imagem, incluindo mamografias.
A ferramenta funciona assim: os algoritmos fazem a leitura dos laudos e, se houver algum achado, uma equipe de médicos é responsável pelo contato com o especialista que prescreveu o exame para alertá-lo e, caso necessário, auxiliar na navegação da paciente.
O contato realizado pelo time da Dasa com os médicos reduz em 43% o tempo da jornada da paciente, acelerando os processos de confirmação do diagnóstico e do início do tratamento, quando necessário.
“Essa redução faz toda diferença na eficácia e melhor desfecho clínico do tratamento. O uso da IA em diagnósticos é um exemplo de ganho de eficiência e valor para o paciente que esse tipo de tecnologia pode gerar”, diz Felipe Kitamura, diretor de Inovação Aplicada e IA na Dasa.  
A Beneficência Portuguesa de São Paulo, um dos principais polos de saúde do país, anunciou no começo do ano que adotou tecnologia de ponta para a detecção precoce do câncer de mama, que promete revolucionar a forma como o câncer de mama é divulgado e acompanhado.
A nova tecnologia de IA, desenvolvida em parceria com a empresa coreana Lunit, utiliza algoritmos avançados para análise de exames de mamografia, identificando com precisão focos suspeitos de câncer de mama, tais como microcalcificações e nódulos mamários. O destaque dessa inovação é uma notável taxa de precisão de diagnóstico, chegando a 97%. Essa precisão não apenas agiliza o processo de diagnóstico, mas também aumenta a assertividade do tratamento, beneficiando diretamente os pacientes.
Na prática, a inteligência artificial faz uma análise dos exames de mamografia para detectar focos suspeitos de câncer de mama, como microcalcificações e nódulos mamários. Quando o local do suposto tumor é identificado, o programa faz uma espécie de marcação no ponto exato para facilitar a análise do médico.
“A IA faz uma comparação minuciosa entre a projeção original com o banco de dados. Com isso ela pode ser um ‘radar digital’, auxiliando o médico na detecção precoce de cânceres malignos”, afirma em nota Lilian Quintal Hoffmann, diretora de Inovação e Tecnologia da BP.
A Azul, em parceria com a Viziomed, uma healthtech brasileira que usa IA para rastrear e detectar cânceres e outras doenças graves irá potencializar a assistência oferecida pela companhia aérea às suas tripulantes.
A companhia reforçou a assistência à saúde que já oferece por meio de sua equipe médica no ambiente corporativo e de seus programas voltados aos cuidados médicos, ao bem-estar e à qualidade de vida. Será possível rastrear resultados suspeitos através do processamento da imagem por IA e avisar aos médicos em tempo, além de acelerar a detecção de um tumor maligno mesmo que ainda em uma fase inicial, caso a tripulante concorde em compartilhar seus dados médicos após mamografia de rotina.
 Segundo o médico do trabalho e gestor de Saúde e Bem Estar da Azul, Helton Dourado, isso é possível pela atuação de um sistema integrado de comunicação e arquivamento de imagens instalado em vários hospitais e clínicas de diagnóstico do país que filtra, recolhe as imagens, oculta os dados da paciente e envia os resultados para a análise de uma plataforma guiada por Inteligência Artificial.
“Em segundos, um pré-laudo, com base em um tipo de IA especializada em câncer de mama, é disponibilizado para a equipe médica em uma plataforma online, com o diferencial de que, ser for um caso de urgência, este é colocado no topo da lista de prioridades. Neste caso, um aviso de alerta também é encaminhado para o médico responsável”, explica.

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