Ele começou vendendo templates por R$ 100 e hoje sua startup possui contratos de até R$ 2 milhões – Pequenas Empresas & Grandes Negócios
Hugo Alvarenga, CEO da B8One (Foto: Divulgação)Falta de capital, mudança de cidade, contas a pagar, pouco tempo de experiência
Hugo Alvarenga, CEO da B8One (Foto: Divulgação)
Falta de capital, mudança de cidade, contas a pagar, pouco tempo de experiência e ainda jovem. A trajetória do empreendedor Hugo Alvarenga, com apenas 23 anos e já CEO da startup B8One, que trabalha em todos os processos de criação de e-commerces para grandes empresas, inclui os inúmeros perrengues de quem tira do papel um negócio do zero.
O início foi em 2018, em Petrópolis, município localizado a 70 quilômetros da capital carioca, onde Avarenga nasceu. Sem ter cursado uma faculdade e autodidata em design e programação, ele começou vendendo templates em um marketplace por R$ 100. Foi nessa época que conheceu o designer e futuro sócio Vinícius Sanches, que tinha experiências em companhias de tecnologia para comércio eletrônico como Tray e VTex – esta última, um dos unicórnios brasileiros, avaliada em mais de US$ 1,7 bilhão.
Juntos, os dois venderam cerca de 150 templates, mas não tinham se visto pessoalmente. Foi então que Alvarenga decidiu ir para São Paulo e encontrar o colega virtual. De cara, houve uma sinergia e a dupla começou a pensar em voos maiores. Eles começaram em um coworking dentro da VTex, o que logo traria frutos.
No entanto, sem capital ou investidor e com salário que variava de acordo com as entregas, não foi um período fácil. “Fui morar sozinho em outro estado, na maior capital do país. Isso me ajudou a ganhar maturidade. Meu pai havia falecido e minha mãe não tinha condições de ajudar. Se eu fosse comprar algum móvel ou eletrodoméstico, tinha que pensar se teria dinheiro para pagar”, relembra o CEO.
Daí em diante, com mais tempo e dedicação investidos, eles passaram a desenvolver projetos personalizados de médio e longo prazo. Em maio daquele ano, os dois esbarraram novamente com a VTex, que tem entre os investidores fundos como SoftBank, Tiger Global Management, Gávea Investimentos e Riverwood Capital.
A startup se tornou cliente e a coisa tomou outra proporção. “A gente sentiu um frio na barriga de querer entregar e apresentar algo de excelência. Foi um pontapé interessante porque começamos a contratar pessoas mais experientes”, explica Alvarenga. “Queríamos deixar de ser os meninos da B8One para sermos vistos como algo mais profissional.”
Um dos novos integrantes foi o programador Leonardo Rente. Com passagens por Technip (francesa que atua com energia) e o banco BTG Pactual, Rente ficou responsável pela parte de back-end das plataformas (que insere os códigos-base), enquanto Alvarenga passou a cuidar do front-end (que estrutura a interface).
Para complementar a equipe e fortalecer o time interno em processos nos quais não era especialista, Alvarenga trouxe a publicitária Marina Martins, com um currículo que inclui B2W e Hotel Urbano, e Renato Avelar, responsável pelo time de vendas e professor da ComSchool, escola de cursos de marketing digital e e-commerce do Magazine Luiza.
Atualmente, os recursos oferecidos pela B8One passam pelo desenho do protótipo do site, programação, integração com lojas físicas, estoques e outras plataformas; por análises para evitar a interrupção do serviço aos consumidores e aumentar a performance das vendas de e-commerces em operação; e pelo desenvolvimento de softwares e soluções com base em CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente, na tradução do inglês), Business Intelligence, Big Data e SEO, entre outras.
Com a pandemia e o aumento da demanda para estruturar operações digitais, a B8One saiu de 7 para 60 funcionários em 2020, período em que cresceu 800%. Alguns dos 100 clientes atendidos são enterprises, a exemplo de Ambev, Brastemp, Cielo, Decathlon, Saint-Gobain, Toyota, Vivo e Whirlpool. A empresa não revela os números, mas o rapaz autodidata, que começou com templates de R$ 100, agora tem cerca de 500 projetos e contratos de até R$ 2 milhões.
Da esq. à dr. – Ao fundo: Leonardo Rente, Renato Avelar e Vinícius Sanches. Na frente: Hugo Alvarenga e Marina Martins (Foto: Divulgação)
Entre os diferentes cases, estão a integração de 180 mil minimercados para abastecer as prateleiras com itens da Colgate e a edição de 2019 do Casa Cor, onde era possível, por meio de um mapa virtual, realizar buscas pelos ambientes, arquitetos e diferentes produtos.
De acordo com Alvarenga, um dos segredos para a ascensão meteórica foi ter começado sob o guarda-sol da VTex, já que, posteriormente, a B8One foi contratada pelo unicórnio para desenvolver sua loja de demonstração nos Estados Unidos e para implementar treinamentos de parceiros locais na Romênia
Outro ponto apontado pelo executivo é a boa relação com os sócios. “Por mais que existam contratos, nós somos muito amigos. Apesar deles serem cerca de 10 anos mais velhos do que eu, param pra ouvir quando eu vou falar. É uma relação de troca e todos aprendem com todos”, diz.
O terceiro aspecto foi colocar a mão na massa quando necessário. “Se eu tivesse que atender o cliente ou mexer no código, eu ia atrás. Se era algo que eu nunca tinha feito, eu trazia o problema e tentava desenvolver a solução de alguma forma”, afirma.
Para 2021, a empresa não pretende atingir um crescimento tão expressivo. A ideia é continuar a expansão em um ritmo menor, mas sem perder a qualidade no atendimento. No futuro, a intenção é atender pequenas e médias empresas.
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