Editoras precisam definir políticas de uso de inteligência artificial … – PublishNews
Painel no Publishing Perspectives Forum buscou contextualizar status da IA no mercado editorial | © Guilherme Sobota Um dos
Um dos assuntos mais comentados durante a Feira do Livro de Frankfurt, que se encerrou neste domingo (22) reunindo mais de 105 mil profissionais do setor do livro, foi naturalmente a inteligência artificial e os seus usos para as publicações. Enquanto palestrantes como o empresário britânico Nadim Sadek defenderam que a IA vai permitir aos humanos serem mais humanos, um estudioso do assunto como o professor de editoração da Johannes Gutenberg University Mainz, Christoph Bläsi, afirmou que os editores não podem perder a credibilidade que ganharam na história da sociedade frente à nova tecnologia.
Os painéis indicaram que ainda há muitas questões incertas no ambiente editorial sobre o assunto da IA, mas uma recomendação que perpassou as discussões foi que as editoras e empresas criem diretrizes para usos das ferramentas no trabalho. “Precisa ser claro e isso ainda vai mudar muito. Mas não fazer nada é um problema”, disse Thomas Cox, diretor da Arq Works, empresa voltada para softwares e mercado editorial.
A mesa no Publishing Perspectives Forum também contou com a participação de Anna Soler-Pont, agente literária de Barcelona, cuja agência Pontas Literary & Film Agency está presente em 26 países nos cinco continentens. Ao afirmar que o trabalho com literatura não a colocava numa posição exatamente de especialista em relação à tecnologia, ela garantiu que sempre está buscando proteger a criatividade e o direito autoral.
“Temos cláusulas para contratos, especialmente nos livros de literatura: para proteger os autores, exigimos que tradutor seja uma pessoa”, citou como exemplo. A Pontas também não vende direitos de audiolivros que seriam gerados por vozes artificiais. “Já recusamos algumas ofertas nesse sentido”, disse.
“Mas entendo que não seja uma resposta simples. Se um autor autorizar uma máquina a traduzir, o que podemos fazer? Já existe um novo trabalho no mercado, que trata de fazer a revisão de traduções. Comparar com o original e corrigir os erros da máquina. Como poderíamos impedir que um leitor, por exemplo, escolhesse um conteúdo ou livro gerado por inteligência artificial?”, refletiu.
Sadek é o criador da Shimmr AI, startup nativa do ambiente da inteligência artificial generativa, que promete otimizar planejamentos e a execução de publicidade e marketing para o catálogo de editoras, potencializando uma parcela dos negócios importante para diversas casas, no qual nem sempre elas conseguem investir.
“A IA vai permitir humanos serem mais humanos. Ela adora fazer coisas de rotina, coisas previsíveis. Imaginem uma jornada semanal de 20 horas”, disse o empresário, visivelmente otimista. “Ela pode nos dar oportunidade de sermos mais criativos, porque ela precisa da nossa criatividade. Nós, humanos, somos imprevisíveis, as coisas que fazemos de maneira mais fabulosa é reunir novos pensamentos, sobre arte, política, etc. Claro que temos medos, mas de maneira mais positiva acho que é essa transformação do tempo”, afirmou.
Ele citou o aparecimento da calculadora para exemplificar como novas tecnologias às vezes assustam profissionais de diversos setores, e disse acreditar que em poucos anos todos os humanos terão uma inteligência artificial pessoal, ou seja, um tipo de assistente eletrônico para organizar tarefas e outras atribuições voltadas para a rotina.
Para o professor Christoph Bläsi, a IA deve tornar a carreira editorial mais atrativa. “É muito importante que o uso da IA pra elevar a qualidade do conteúdo e do direcionamento, o número de títulos vai aumentar”, opinou.
Algumas impressões colhidas na Feira do Livro de Frankfurt sobre inteligência artificial e mercado editorial:
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