'Compro logo existo.' Design e consumo – Design Culture
Somos nós que consumimos coisas ou são as coisas que nos consomem? Escolhemos ou somos escolhidos?O poeta Carlos Drummond
Somos nós que consumimos coisas ou são as coisas que nos consomem? Escolhemos ou somos escolhidos?
O poeta Carlos Drummond de Andrade em seu poema Eu, Etiqueta nos instiga a pensar sobre consumirmos ou sermos consumidos pelas coisas…:
“Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome… estranho.
(…)
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permanência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
(…)
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.”
Barbara Kruger, 2007
A artista norte-americana Barbara Kruger, também, propõe e provoca questionamentos sobre a sociedade de produção e consumo em seus cartazes, intervenções em lojas e instalações em museus e galerias.
Somos as coisas ou temos as coisas?
Barbara Kruger, 1987
Na sociedade do excesso de consumo é possível um consumo consciente, sustentável ou para usar um termo da moda, é possível o Lowsumerism?
Qual a contribuição do design nas proposições de um possível consumo consciente, dada sua relação estreita com a sociedade de produção de massa?
Muitos designers tem se debruçado sobre esta questão, buscando alternativas inovadoras e disruptivas com o pensamento linear, fragmentário e predatório da sociedade de produção industrial. Um destes profissionais é Fred Gelli que na sua empresa Tátil Design, junto a uma equipe multidisciplinar, desenvolve projetos “que gerem valor e relações sustentáveis entre as marcas e as pessoas”.
Para ele a norteadora dos processos criativos e fonte de inspiração interminável é a própria natureza, se diz um apaixonado pela energia criativa da natureza e um observador constante de suas dinâmicas e estratégias, por meio da biomimética, área da ciência que estuda as ações e estratégias vitais da natureza. Ele comenta que na natureza “não há desperdícios, nada se cria e tudo se transforma e tudo interfere em tudo”, tudo está interligado. Veja os artigos sobre o assunto A biomimética no design e Desvendando a biomimética e suas aplicações no design, publicados aqui no DC.
Sou Natura, http://tatil.com.br/
Dentro do conceito de Eco-Sexy criado na Tátil Design, ou seja, pensar processos e produtos inspirados, também, na diversidade e colorido da natureza foi criada a linha de produtos Natura SOU, em parceria com Questo Nó e a própria Natura. A embalagem em forma de gota feita de Pounch representa a forma mínima da água, segundo os parâmetros da biomimética, ocupando menos espaço e permitindo que o produto seja utilizado até a última gota. A embalagem tem menos de 75% de material plástico tendo uma redução de 50% na emissão de CO2.
Penboo, http://tatil.com.br/
O Penboo – um pendrive numa embalagem de bambu – foi criado 2008 como um brinde de final de ano da Tátil Design para seus clientes e colaboradores. Representava pela junção de natureza e tecnologia o pensamento sustentável que norteia os projetos desenvolvidos na empresa.
Convite-folha, http://tatil.com.br/
Convidada pelo Festival de Publicidade de Cannes para apresentar um workshop sobre o papel do design como ferramenta de transformação, chamado de Designing Naturally, a Tátil Design criou um convite que refletisse os princípios naturais, folhas coletadas nas ruas e parques do Rio de Janeiro foram impressas a laser com diversas imagens, transformando as próprias folhas em mídia, depois de usados, podiam ser jogados no chão e devolvidos à natureza. Este projeto recebeu o Leão de Bronze no Cannes Lions de 2009.
O design desde suas origens é campo pluridisciplinar aberto a novas conexões e interrelações que possibilitam que sejam criadas soluções inovadoras que inspirem um consumo sustentável, num mundo cada vez mais complexo e acelerado. Apesar dos excessos dos humanos a natureza continua insistindo em nos mostrar com seus ciclos e economia que estamos todos interligados, numa grande rede interdependente, basta observar… o que acontece em uma parte afeta a todos.
Afinal, como em um dos preceitos que guiam os trabalhos da Tátil Design, “…por poder contar com bilhões de anos para desenvolver suas soluções, a natureza é capaz de fornecer riquíssimos aprendizados para os nossos projetos. Ela é capaz de nos alimentar não somente com inspirações de design: nas formas, texturas e materiais, como também com inteligências conceituais, organizacionais e estratégicas.”
http://tatil.com.br/
Artista plástica persistente, designer insistente e mais aprendedora do que professora. Eternamente curiosa gosta de descobrir e partilhar as ‘belezuras’ do mundo. Pensa que a arte revela intensas essências. Partiu em busca de certezas numa especialização em História da Arte e num mestrado em Comunicação e Linguagens e encontrou ainda mais incertezas. Tem saudade dos tempos dos cinemas de rua com sessões às 2, 4 e 6 horas da tarde. Apaixonada por gente acredita que uma das melhores coisas da vida é uma boa conversa com café e bolo.
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