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Empresa que permite a qualquer pessoa ter sua própria marca de roupas cresce 75% na pandemia – Pequenas Empresas & Grandes Negócios

Gustavo Lander, Gabriel Reis e Phillipe Trajano, sócios da Fábrica Camisaria (Foto: Divulgação)A confecção sempre fez parte da vida

Empresa que permite a qualquer pessoa ter sua própria marca de roupas cresce 75% na pandemia – Pequenas Empresas & Grandes Negócios

Gustavo Lander, Gabriel Reis e Phillipe Trajano, sócios da Fábrica Camisaria (Foto: Divulgação)
A confecção sempre fez parte da vida de Philipe Trajano, 28 anos, por ele ser filho dos donos da confecção mineira especializada em camisaria masculina Di Trajan. O jovem se afastou do negócio para prestar um concurso público. Anos depois, retornou para o ramo para ajudar os pais, mas acabou enxergando a oportunidade de criar a própria empresa, a Fábrica Camisaria, em sociedade com os empreendedores Gabriel Reis, 40 e Gustavo Lander, 28. Em 2020, menos de dois anos depois da fundação, eles faturaram R$ 7,2 milhões.
Trajano saiu do emprego público em 2014 e foi trabalhar na loja de roupas dos pais. Naquela época, reativou a confecção da família, que havia ficado fechada por dez anos. Como diretor comercial, ele conta que se sentia frustrado a cada negativa que precisava dar a empreendedores que queriam comprar pequenos volumes para revender.
“Em uma confecção convencional, se você quer ter seu logotipo na etiqueta ou bordado no peito, o investimento inicial é robusto. Além do capital de giro, você precisa ter bom relacionamento na indústria ou montar a sua própria, organizar o estoque e não errar na quantidade de peças de forma alguma”, afirma.
Isso deu a ele a ideia de criar um negócio que pudesse funcionar sob demanda, para atender quem quer trabalhar com moda, mas sem investir muito inicialmente. Assim, em 2018, Trajano saiu da empresa da família e, junto com Reis, investiu R$ 18 mil para criar a Fábrica Camisaria, em Araguari (MG), também focada em moda masculina. A empresa trabalha com um mix de camisas, camisetas, calça jeans e de sarja, bermudas, shorts e pulseiras, entre outros itens.
O negócio funciona assim: o empreendedor interessado em ter uma marca de roupas faz contato pelo site da empresa e, após fechar negócio, paga uma taxa inicial de R$ 99. Esse valor dá acesso a um suporte para criação da marca, logotipo e consultoria da equipe da Fábrica Camisaria. Depois, para cada peça comprada para revenda, o valor cobrado é de R$ 27,90 para camisetas ou R$ 69,90 para camisas, por exemplo.
Equipe da Fábrica Camisaria (Foto: Divulgação)
O empreendedor pode vender as peças pelos canais que quiser: WhatsApp, porta a porta, site próprio ou redes sociais. “Oferecemos fotos gerais ou com a própria marca do cliente. Também temos ferramentas como serviço de criação de marcas e de sites, consultoria em marketing, treinamentos, dicas, lista de outros fornecedores, dentre várias outras facilidades”, afirma Trajano.
No ano passado, o Grupo Reserva lançou um serviço parecido, o Reserva Ink, mas limitado a camisetas. Diferentemente da Fábrica Camisaria, a ideia principal da Reserva com a iniciativa é que o empreendedor construa a própria página virtual dentro da ferramenta para venda ao consumidor.
A Fábrica Camisaria já atendeu 3,6 mil empreendedores – 75% deste montante veio durante a pandemia. Cerca de 70% começaram como pessoa física e depois migraram para microempreendedor individual (MEI) ou outros regimes de tributação.
Uma dessas pessoas é a empreendedora Marilda Dalma Gomes, 45 anos, dona da empresa GDM Store, na região de Ribeirão Preto (SP). Ela vende produtos multimarca, além da linha de marca própria, Ixória, fabricada pela Fábrica Camisaria. “Eu não tenho aptidão para fabricar, gosto de comprar pronto. Então essa possibilidade foi muito boa para nós.”
Gomes trabalha com redes sociais, e-commerce e venda direta, e conta que mesmo durante a pandemia conseguiu ter um resultado positivo. “Estamos de mudança para um espaço maior no próximo mês. Vamos ampliar o nosso estoque.”
Outro caso é o de Leonardo Paci, 23 anos, de Bastos, também no interior paulista. O empreendedor já era sócio de uma construtora e de uma agência de marketing, mas resolveu investir em vestuário para desenvolver seus conhecimentos em branding. “Eu não queria arriscar com um investimento gigante no começo.” Ao saber da existência da Fábrica Camisaria, em dezembro de 2019, resolveu arriscar e fez um pedido de R$ 2 mil.
Ao longo de 2020, ele rodou o estoque com vendas porta a porta, munido de uma “mala arara”, e conseguiu fidelizar uma clientela. Há pouco mais de um mês, Paci abriu uma loja com a marca própria na cidade, Pacci, que além das roupas oferece espaços de conveniência e até coworking. Hoje, o empreendedor calcula que tenha um inventário de cerca de R$ 35 mil. Ele ainda mantém as vendas diretas, que agora são chamadas de atendimento VIP, e um e-commerce próprio. Os planos para 2020 envolvem uma nova unidade física do show room, em Curitiba.
Trajano, da Fábrica Camisaria, diz que a pandemia acabou favorecendo o modelo de negócio. Além de grandes atacadistas estarem fechados, o que migrou o movimento de revendedores, sacoleiros e varejistas para internet, a venda direta se fortaleceu, principalmente por canais digitais.
No ano passado, a empresa também passou por um reequilíbrio de mix. Em 2018, 100% da demanda era por camisas. No ano seguinte, a camiseta polo entrou no portfólio, mas o modelo social ainda representava 80% das vendas. Com a mudança de comportamento durante a quarentena e o home office, o produto carro-chefe perdeu espaço e hoje representa apenas 20% do faturamento.
A falta de matéria-prima que acometeu parte da indústria de vestuário no final do ano passado não chegou a ser um problema, segundo o empreendedor. “Como estávamos nos organizando para um crescimento, conseguimos antecipar algumas compras que nos deram uma folga para nos reorganizarmos e não faltar mercadoria para novos empreendedores”, afirma.
Em janeiro, a Fábrica Camisaria lançou uma campanha de arrecadação chamada Moda pelo Bem, que reverte doações a cada peça comprada pelos empreendedores para as ONGs Missão África, SOS do Câncer ou SOS Bichos. “Com isso, queremos que as marcas que nascem com a gente já comecem conscientizadas e ajudando a quem mais precisa”, afirma Trajano.
Atualmente, a Fábrica Camisaria tem 37 colaboradores. Trajano espera fechar o ano com 90 pessoas e um faturamento de R$ 15 milhões.

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