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Se existe uma grande estrela nos palcos, corredores e anúncios feitos durante o Next ´23, evento do Google Cloud realizado essa semana em São Francisco, nos EUA, é a inteligência artificial. Não que a IA não esteja no discurso comercial da divisão de nuvem do Google já há algum tempo – as ofertas existem pelo menos desde 2014 –, mas dessa vez se trata de uma verdadeira enxurrada.
Foram anunciados, por exemplo, a ampliação do acesso ao modelo proprietário de linguagem natural PaLM 2 em português para todos os clientes de Cloud do Google. Outro anúncio com IA: a Duet AI ficará disponível até o fim do ano para todos os usuários do Workspace, a suíte de aplicativos de produtividade do Google (em inglês, por enquanto).
Também foram anunciadas atualizações para a Vertex AI, plataforma do Google Cloud que dá acesso a clientes e parceiros a modelos de Machine Learning para adaptação em soluções específicas. Segundo a empresa são mais de 100 exemplos básicos que podem ser usados, tanto em código aberto como de terceiros.
É a plataforma que o Google Cloud apresentou recentemente a clientes e parceiros no Brasil, e que clientes como Magazine Luiza e Dasa já utilizam.
“O que anunciamos ontem [terça-feira, 29] são três elementos. O primeiro é na nossa infraestrutura de IA, que são nossos data centers, servidores, storages. O segundo são vários recursos para tornar a IA extremamente eficiente e de baixo custo para que as pessoas a usem”, disse Thomas Kurian, CEO Global do Google Cloud, em coletiva de imprensa com jornalistas latinos – da qual o IT Forum participou remotamente.
“A terceira é uma plataforma, a Vertex AI. Nós mostramos que é possível simplificar para as pessoas usarem IA em larga escala”, concluiu o executivo. “Estamos vendo muito interesse dos consumidores e do ecossistema [de parceiros].”Eduardo López. Foto: Divulgação, Google Cloud
Eduardo López, presidente do Google Cloud para a América Latina, salientou durante a conversa com os jornalistas que a operação latina da empresa está se preparando para a enxurrada de anúncios do Next há cerca de seis meses, o que inclui tanto investimentos em infraestrutura e tecnologia para atender os clientes como treinamentos para os parceiros de negócio.
Segundo o executivo, são mais de 100 parceiros qualificados atualmente na América Latina, grande parte deles no Brasil, para trabalhar com as soluções baseadas em IA recém-anunciadas. “Temos muitas oportunidades. Estamos desenvolvendo os parceiros pois é preciso para implementar e suportar os clientes”, disse.
Perguntado se há expectativa de crescimento no número de parceiros na região habilitados para trabalhar com o portfólio focado em IA, a resposta é enfática, embora sem números. “Meu sonho é que nosso ecossistema cresça. Queremos treinar todos, mas temos tremendos parceiros globalmente, Deloitte, Accenture e muitos outros”, ressalta.
Kurian admitiu aos jornalistas que, claro, existem desafios de diversas naturezas para aumentar o uso de IA nas corporações no mundo, inclusive na América Latina. Por exemplo, tornar esse uso mais transparente ao incluir marcas d’água e indicadores em imagens e textos gerados por inteligência artificial – a ferramenta em versão experimental é chamada de SynthID e deve ser incorporada ao Workspace.
Segundo o Google, essa marca d’água é aplicada diretamente no nível dos pixels da imagem gerada por inteligência artificial, é invisível ao olho humano e é difícil de ser modificada.
Segundo o CEO, parceiros e clientes estão sendo treinados para fazer uso dos recursos de IA generativa embarcados nas ferramentas do Google. Citou emissoras de televisão, como a Fox Sports, que está usando IA em transmissões ao vivo, entre outras empresas de diferentes setores
“Trouxemos parceiros para treinar as pessoas para usarem de acordo com suas experiencias locais, por exemplo no Brasil, e ensinar como usar. Estamos falando com os clientes, trazendo consumidores”, disse.
Outro aspecto abordado na entrevista coletiva é o movimento crescente de regulação da inteligência artificial mundo afora. Na resposta, Kurian foi pragmático.
“É desafiador saber que em um país e pode fazer uma coisa e em outro não. Mas queremos ter soluções técnicas prontas para esses problemas e, quando as regulações vierem, termos uma solução pronta para implementar o que cada política regulatória exige”, disse o CEO.
Entre fabricantes de tecnologia, o Google Cloud anunciou parcerias com SAP e Docusign – a primeira trabalhando com Vertex AI para criar soluções para o setor automotivo e de sustentabilidade; e a segunda testando um “assistente de contrato inteligente” que deverá permitir aos usuários fazer perguntas naturais sobre contratos e documentos complexos.
A lista de produtos, recursos e serviços anunciados pelo Google Cloud em São Francisco é imensa. Por exemplo, é possível agora usar IA generativa para criar bate-papos e pesquisas personalizados a partir de dados corporativos.
A empresa diz que o processo leva apenas alguns minutos e exige codificação mínima, e oferece gerenciamento e segurança de nível empresarial integrados. E o modelo de linguagem natural possível de usar não se restringe ao PaLM 2: Llhama 2 (da Meta), Falcon LLM e Claude 2 também são suportados.
Segundo o Google, as novidades seguem padrões rígidos de segurança, e a Vertex AI foi projetada para oferecer controle e separação de informações, código e propriedades intelectuais sem vazamentos. O treinamento dos modelos acontece com documentos e dados privados de aplicativos SaaS ou outras fontes proprietárias e configuração privada.
No terreno do Workspace, o Duet AI também ganhará o Google Meet. O assistente com IA será capaz de fazer anotações durante videochamadas e enviar resumos de reuniões a partir de legendas automaticamente geradas em 18 idiomas.
Também é possível, diz o Google, conversar com o Duet AI para fazer questionamentos sobre conteúdo, obter resumo de documentos compartilhados e acompanhar conversas perdidas. Há também toda uma série de novos serviços anunciados para ajudar desenvolvedores a “codar” mais rapidamente.
São novidades prometidas até o fim de 2023.
Editor do IT Forum. Jornalista com 12 anos de experiência nos setores de TI, telecomunicações e saúde, sempre com um viés de negócios e inovação.

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