Os desafios na mudança das profissões e na absorção dos trabalhadores no mercado de trabalho a partir do uso da inteligência artificial movimentam o panorama da tecnologia aplicada à vida comum. Adaptações e regras vêm sendo discutidas na sociedade e no Congresso Nacional, que deve votar em breve projetos de lei sobre o tema.
Transcrição
NUM PAÍS EM QUE MUITOS TRABALHADORES SOBREVIVEM DE EMPREGOS PRECARIZADOS, SURGE O DESAFIO DA TRANSFORMAÇÃO E FIM DE MUITAS PROFISSÕES DEVIDO AO USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL. O ASSUNTO QUE VEM SENDO ALVO DE DEBATES NA SOCIEDADE JÁ É TEMA DE PROJETOS DE LEI QUE ESTÃO NO CONGRESSO NACIONAL. REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO. Muitas dúvidas sobre o futuro das profissões com o uso da inteligência artificial vêm surgindo nos últimos tempos. Uma ferramenta digital que pode facilitar a vida humana também representa a extinção de funções laborais mais mecanizadas e repetitivas, que não precisam de ações intelectuais elaboradas. Mas não é isso que a tecnologia vem fazendo e tem tornado o dia a dia mais fácil, apesar do fim de muitos empregos? E o mercado de trabalho não tem se adaptado e ofertado novos postos com atividades diferentes? É certo que o acesso a oportunidades de formação educacional e intelectual no Brasil é restrito, criando uma massa de pessoas com trabalhos precarizados e distante dessa discussão que está acontecendo com a chegada da inteligência artificial. Para os que podem se preparar e avaliar a possibilidade de adaptação diante dessa ferramenta mais do que moderna uma recomendação é voltar à antiga máxima do “conhece-te a ti mesmo”. A sugestão é da psicóloga e mentora de carreira e empreendedorismo, Fernanda Tochetto. Fernanda – Eu acredito que aquilo que a gente tem como propósito, quando nosso talento, nossa competência comportamental abraça um objetivo, ele vai muito além do que um cargo. Então quando você se conhece, sabe o que você quer, reconhece o seu talento, conhece o seu perfil você vai olhar para tudo isso e para as possíveis atividades que você pode ter acesso. Não tem inteligência artificial que desafie quem sabe onde quer chegar e o que realmente precisa fazer pra chegar lá. É importante se preocupar para se desenvolver e não pra paralisar. Mas a psicóloga traz também números e informações que impressionam ao falar da inteligência artificial. Fernanda – Os estudos apontam que 80% das profissões poderão sair do mercado nos próximos cinco anos em virtude da agilidade da inteligência artificial para algumas funções e algumas entregas que a gente precisa no ambiente de trabalho. Tudo aquilo que não vai precisar do envolvimento, do sentimento, da condução do ser humano está sendo avaliado. Tudo aquilo que não depende da inteligência emocional corre risco. E essa realidade também foi ressaltada em debate no Senado do Conselho de Comunicação Social que abordou recentemente os impactos da inteligência artificial no setor. O diretor da O2 Filmes, Paulo Barcellos – produtora que ficou conhecida pelo longa-metragem Cidade de Deus – apontou a mudança nas profissões que já ocorre com tecnologias da sua área. Midjourney é a ferramenta que permite que a gente gere imagens através de comandos de texto, conhecido como prompt. Então, você começa a ter pessoas especialistas. Novas profissões também estão se formando. Engenheiro de Prompt agora é uma das grandes profissões do momento, são as pessoas especializadas em descrever para o computador, para a inteligência artificial a cena ou, enfim, a instrução para que aquele texto seja gerado, por exemplo, num ChatGPT. Quem domina as ferramentas agora são as pessoas das ciências humanas. Para você conseguir curvar um ChatGPT, por exemplo, você precisa ser um psicólogo, não um engenheiro, porque o comando para o ChatGPT falar o que você quer ouvir não é um comando de programação é um comando psicológico, você vai dando uma volta, conversando com ele até a hora em que ele responde o que você quer ouvir. Por todas essas complexidades é que a inteligência artificial está em discussão no Congresso Nacional. No fim de 2022, uma Comissão de Juristas apresentou um relatório baseado em projetos de lei sobre o uso da inteligência artificial no Brasil que está em análise por uma comissão temporária de senadores que trata do tema. Funcionando desde o último mês de outubro, o colegiado tem 120 dias para examinar propostas que buscam estabelecer normas gerais do uso de sistemas de inteligência artificial no país, visando a proteção dos direitos fundamentais e a garantia de sistemas seguros e confiáveis para as pessoas, o regime democrático e o desenvolvimento científico e tecnológico. Da Rádio Senado, Janaína Araújo.
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