Os avanços da inteligência artificial e o embate humano x máquina … – UFOP
Criado por Levy Eduardo em qua, 30/08/2023 – 08:19 | Editado por Rondon Marques há 1 semana. ed_destaque_talles.png No
Criado por Levy Eduardo em qua, 30/08/2023 – 08:19 | Editado por Rondon Marques há 1 semana.
No cenário contemporâneo, testemunhamos uma revolução tecnológica em curso que tem a capacidade de redefinir fundamentalmente a interação entre seres humanos e máquinas: os avanços da inteligência artificial (IA).
À medida que as inteligências artificiais se tornam mais sofisticadas e mais integradas em diversos aspectos de nossas vidas, surge um embate complexo e fascinante entre o potencial quase ilimitado das máquinas e a essência da experiência humana.
O “Em Discussão” desta semana aborda esse debate instigante sobre como a intersecção entre a mente humana e a capacidade das máquinas está moldando nosso presente e apontando para um futuro repleto de possibilidades e questionamentos. Para tratar do tema, o convidado é o professor do Departamento de Computação e Sistemas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Talles Henrique de Medeiros, graduado em Ciência da Computação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Em uma visão retroativa, como você vê os avanços no uso da inteligência artificial nos últimos anos? E como você vê o futuro dessa tecnologia nos próximos anos?
Nos últimos anos, a IA tem experimentado avanços sem precedentes, particularmente em áreas como processamento de linguagem natural, visão computacional e jogos estratégicos. A combinação de dados abundantes, poder computacional e técnicas avançadas, como o deep learning, levou a muitas inovações. No futuro, podemos esperar uma IA mais contextualizada, personalizada e integrada em quase todos os aspectos de nossas vidas.
Quais são as principais áreas em que a IA pode ter um impacto significativo?
Posso dizer que todas as áreas terão. No entanto, algumas são mais evidentes, como saúde, finanças, transporte (carros autônomos), educação, entretenimento e manufatura — estas são apenas algumas das áreas que estão sendo transformadas pela IA. A tecnologia tem potencial para melhorar diagnósticos médicos, otimizar cadeias de suprimentos e personalizar as atividades de ensino/aprendizagem, por exemplo.
Existem preocupações em relação ao uso da inteligência artificial. Quais são as principais questões éticas que precisam ser consideradas ao desenvolver e aplicar essa tecnologia?
Da minha perspectiva, algumas das preocupações são o viés e a justiça (IA perpetuando estereótipos), a privacidade (como os dados são coletados e usados), a transparência (entendendo como os modelos de IA tomam decisões) e a responsabilidade (quem é responsável quando a IA erra).
A discussão sobre o embate entre a experiência do homem e da máquina no trabalho é frequente. Na sua opinião, a IA substituirá completamente o trabalho humano em algumas áreas ou a parceria entre humanos e máquinas será mais predominante?
A substituição da força de trabalho já acontece há muitos anos em algumas áreas. Na revolução agrícola e industrial isso aconteceu, e hoje isso tem seguido o mesmo processo. Acredito que, em muitos casos, veremos uma colaboração entre humanos e máquinas. Embora a IA possa assumir tarefas repetitivas e baseadas em dados, habilidades humanas como empatia, criatividade e pensamento crítico ainda são insubstituíveis.
Quais são os benefícios da colaboração entre os seres humanos e as máquinas no contexto da IA? Como podemos aproveitar o potencial de cada um para obter melhores resultados?
A IA pode ajudar a ampliar as habilidades humanas, fornecendo análises profundas, rápidas e insights. Em conjunto, humanos e máquinas podem tomar decisões mais informadas, inovar mais rapidamente e atender melhor às necessidades individuais.
Quais sua visão sobre a regulamentação da inteligência artificial? É necessária uma legislação mais rigorosa para controlar seu desenvolvimento e uso?
Uma regulamentação equilibrada é crucial. Precisamos de leis que garantam a utilização ética e segura da IA sem sufocar ou inibir a inovação. A chave é um diálogo contínuo entre formuladores de políticas, pesquisadores e a indústria.
Além dos aspectos técnicos, a aceitação pública da IA também é importante. Como você acredita ser possível aumentar a conscientização e a compreensão sobre a IA entre as pessoas?
Educação e transparência são essenciais. Seminários, workshops e materiais educativos podem ajudar o público em geral a entender os benefícios e limitações da IA. Também é vital que as empresas sejam transparentes sobre como usam a IA e os dados.
Por fim, quais são suas recomendações para estudantes e profissionais que desejam se envolver com inteligência artificial e contribuir para o desenvolvimento ético e responsável dessa área?
Comece com uma base sólida em matemática, estatística e programação. Depois, mergulhe em cursos específicos de IA, com os de ciência de dados ou aprendizagem de máquina. Sempre mantenha a aprendizagem centrada no usuário e nas implicações sociais. E, mais importante, nunca pare de fazer perguntas e manter um olhar crítico sobre o trabalho que você está fazendo. Acredito que, num futuro breve, deveremos ter cursos de graduação em IA, assim como já existem alguns em ciência de dados.
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