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Por que o DTM ainda não teve corridas após o coronavírus? – World of Motorsport

DTM, NascarA Audi foi o destaque nos treinos de pré-temporada do DTM 2020 após a pausa provocada pelo novo

Por que o DTM ainda não teve corridas após o coronavírus? – World of Motorsport

DTM, Nascar
A Audi foi o destaque nos treinos de pré-temporada do DTM 2020 após a pausa provocada pelo novo coronavírus – foto: michael kunkel/audi/divulgação
Após quase três meses de intervalo causado pela pandemia do novo coronavírus, o DTM voltou às pistas na última semana para quatro dias de treinos coletivos em Nurburgring em preparação para o início da temporada 2020.
Foi a oportunidade de ver mais um domínio da Audi, montadora que ganhou dois dos últimos três campeonatos, principalmente com o recém-chegado Ferdinand Habsburg. Mas a atividade também deixou uma questão no ar: por que o DTM não está correndo?
Antes de responder essa pergunta é preciso voltar para o fim de semana dos dias 16 e 17 de maio.
Naquele domingo, a Nascar se tornou a primeira grande categoria do automobilismo mundial a retornar às pistas após a paralisação da pandemia, com uma corrida em Darlington. Para que a prova pudesse ser realizada, o campeonato americano adotou uma série de medidas especiais: o público não pôde estar presente, era obrigatório o uso de máscaras em todas as dependências do autódromo, os treinos livres e o que define o grid de largada foram abolidos e todas as pessoas que participaram do evento – de pilotos a seguranças – tiveram a temperatura corporal medida antes de entrar no circuito.
Desde então, a Nascar Cup Series já disputou oito corridas. A Xfinity teve mais seis. E a Truck Series, três. Até agora não houve nenhum piloto, engenheiro ou chefe de equipe impedido de entrar na pista por suspeita de estar com o coronavírus.
Já o DTM só agora voltou às atividades para treinos que praticamente não valem nada.
Se olharmos do ponto de vista da pandemia, a comparação entre DTM e Nascar não faz muito sentido. Até agora, a Alemanha registrou pouco mais de 187 mil pessoas com covid-19, tendo ficado praticamente o mês de maio inteiro com menos de mil novos casos por dia. Já os Estados Unidos somam mais de 2,1 milhões de infectados e em média 20 mil novos casos diários.
Alguém pode argumentar que a diferença é que a Alemanha está sendo mais cuidosa que os EUA. Ou seja, que ter menos de mil casos diários não significa que o esporte pode recomeçar normalmente por lá.
Mas no mesmo fim de semana em que a Nascar estava correndo em Darlington, a Bundesliga, como o campeonato alemão de futebol é chamado, teve sua primeira rodada após a paralisação da pandemia. E há mais contato entre os atletas em um campo de futebol do que dentro de um carro em uma pista de corrida.
Se houve algum motivo para o futebol ter retornado naquele fim de semana de maio, mas as corridas ainda estarem suspensas na Alemanha, não tem nada a ver com a saúde pública.
Tem mais a ver com o modelo de negócios. Na Nascar, as equipes têm duas principais fontes de renda: o dinheiro da TV (que representa a maior parte do dinheiro recebido por elas) e os patrocínios nos carros. Se as provas não são realizadas, esse dinheiro não é pago aos times, que precisam suspender contratos ou demitir seus funcionários.
Ainda que os valores mudem, essas são praticamente as mesmas fontes de receitas dos times de futebol (excluindo a venda de jogadores).
Já quem paga as contas no DTM são as montadoras envolvidas, Audi e BMW, com exceção de ART e WRT, as duas equipes privadas do certame. Por mais que as marcas foram afetadas pela crise provocada pelo coronavírus, não é o dinheiro vindo da eventual realização das corridas que vai mudar o jogo.
Como a Nascar precisava correr, ela criou sua oportunidade. No fim do mês de abril e no início de maio, a categoria foi monitorando a reabertura nos EUA e criou suas soluções. Primeiro, garantiu que as equipes de corrida fossem consideradas atividade essencial pelo governo para que os mecânicos pudessem trabalhar nas sedes e preparar os carros para as etapas. Depois encontrou uma pista – Darlington – que pudesse recebê-la em plena pandemia.
Já o DTM preferiu adotar uma postura mais passiva, primeiro esperando que as restrições na Alemanha fossem afrouxadas pelas autoridades locais para depois olhar como dava para salvar o calendário.
A categoria, inclusive, buscava retornar no meio de julho, em Norisring, mas, por se tratar de um circuito de rua, as autoridades optaram por cancelar a prova, argumentando que eventos esportivos estão proibidos no país até o início de agosto. Vale lembrar que desde o início deste mês há testes privados em circuitos permanentes na Alemanha e a primeira etapa do campeonato alemão de endurance, o NLS, está marcada para o fim de junho.
A corrida em Norisring, portanto, só foi vetada por ser em um circuito de rua.
E é aí que surge a outra diferença para a Nascar. Na hora de retomar a temporada, a categoria americana cancelou todos os seus treinos e foi direto para as corridas, enquanto a alemã preferiu o caminho tradicional, primeiro com uma pré-temporada e só depois com as provas.
E há uma razão: a Nascar já tinha disputado etapas antes do coronavírus ganhar o mundo, enquanto o DTM ainda nem tinha levado seus carros ao autódromo neste ano. Era preciso fazer alguma avaliação do equipamento para ver se tudo estava funcionando direito.
Agora, dá para questionar se eram necessários quatro dias de testes e nenhum de corridas em vez de ter realizado logo sua primeira etapa em 2020.
foto do topo: michael kunkel/audi/divulgação
 
 
 
 
Jornalista de automobilismo. Especialista em F3, F4, F-Renault, Adac e nesses campeonatos que mais ninguém vê.


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